sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O mundo perde em Porto Alegre 3

A partir de 1999, com as manifestações contra a OMC, em Seatle, nos Estados Unidos, uma boa parte do mundo passou a viver um clima de mudança. Em 2001, Porto Alegre, uma pequena capital de um estado brasileiro, começou a ser vista como a grande possibilidade de “transformação do planeta”, em algo melhor. Aqui, a Frente Popular chegou ao poder e pôs em prática uma maneira revolucionária de dar poder aos habitantes da cidade.
Com o Orçamento Participativo, subverteu regras que não mudavam em termos de democracia desde, provavelmente, a Grécia Antiga. A democracia participativa e diversos outros mecanismos que possibilitaram uma verdadeira apropriação pública do Estado, com arrojadas políticas de inversão dos investimentos, fizeram de Porto Alegre um lugar especial. A ponto de, em plena ressaca neoliberal, dos anos que se sucederam à queda do muro de Berlim e a dissolução da União Soviética, Porto Alegre despontar no cenário mundial como a “inventora” da democracia que a esquerda ainda não tinha, uma democracia de qualidade, com substância, de alto impacto. O mundo ainda marcava passo no neoliberalismo.
Parecia que Porto Alegre andava no futuro, e inclusive com uma democracia própria. E em nada lembrando o chamado socialismo real de qualquer outro lugar. Mas o que isso significa? Em todo o mundo, a democracia parecia ser uma propriedade do capitalismo, enquanto que o socialismo era o terreno nas totalitariedades. De repente, o mundo descobre que se inventou nos Pampas um tipo de democracia que dava novos ares àqueles que desde que o mundo é mundo lutaram contra a exploração econômica, ambiental, cultural, sexual etc.
Descobriu-se no final do século XX que a democracia participativa vinha dando certo numa cidade grande e transformando a realidade de milhares de pessoas, principalmente as mais pobres, nas vilas, mas também chegando às áreas centrais da cidade. Passaram a vir estudiosos do mundo todo não só para saber do OP, mas das políticas ambientais, educacionais (que geraram um outro Fórum que também foi embora de Porto Alegre, o Fórum Mundial de Educação), gerenciais (um tipo de administração transparente e com diversos mecanismos de apropriação pública do Estado nunca experimentados nesta radicalidade) e outras.

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