terça-feira, 27 de maio de 2008

Ela adquiria cardume por engano

“Por meio de haver água, ela, a vaca, adquiria cardume por engano. Brotava no fundo do pátio, iluminada de manhãs, mas, enquanto névoa, nada a impedia e encobrir as casas, o que fazia com desmesurada desenvoltura. Fora forçada a falas numa tarde em que todas as palavras conheceram-na. Isso que nunca disse a cor dos paralelepípedos (úmidos das manhãs, a resvalavam). Há quem diga: a vaca tinha lembranças de poço na infância, antes de secar. Agora é difícil vertedouro de si mesma.
-Mas nunca teve lágrimas?
-Nunquinha
-Mesmo havendo nuvens sobre os olhos?”
(Diálogo entre Licurgo e Licínio, na Lacedônia, há algum tempo).

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